Uma das características mais valiosas em um profissional é o desempenho. Ou melhor dizendo: o alto desempenho. Essa característica engloba várias outras características, como curiosidade, engajamento, aprender com os erros, responsabilidade, gestão de tempo etc. Abaixo indico um artigo sobre habilidades de um profissional de alto desempenho.
Artigo: Profissionais de Alta Performance
Uma dessas habilidades é o ultra aprendizado, ou seja, o contato constante com novos assuntos, novas tecnologias, e a capacidade de absorção desses novos conhecimentos.
Na era da informação, o que não falta é material para aprender sobre qualquer assunto. Blogs, páginas de empresas que publicam conteúdo sobre seus produtos ou sobre tecnologias envolvidas com seus negócios, sites acadêmicos, vídeos, podcasts. Com tantos tipos diferentes de fontes de aprendizado, qual o melhor caminho para absorver conhecimento de forma eficaz? Livros, artigos acadêmicos, vídeos? Presencial ou EAD?
Não há uma resposta certa para essa pergunta, pois assim como a fonte de conhecimento pode variar em quantidade e qualidade, a fixação de conhecimento pelo aprendiz também pode variar a depender do tipo de aprendizado ao qual o aprendiz é exposto. O conhecimento desses tipos de aprendizado e o autoconhecimento pode nos ajudar a melhorar a forma como estudamos e buscamos aprender sobre algum assunto.
Podemos apontar 4 tipos de aprendizado mais evidenciados pela literatura: visual, auditivo, leitura/escrita e sinestésico, e algumas peculiaridades sobre cada tipo. Um indivíduo geralmente tem maior aptidão para um tipo de aprendizado, mas isso não significa que não possa usufruir dos outros tipos.
Visual – estabelece relações a assimila conceitos e ideias através do que vê. É comum entre pessoas desse tipo perguntas que sugerem a importância da visão para o entendimento de uma situação: “Você está vendo isso?”
Auditivo – o principal estímulo para o aprendizado é o que é ouvido. Mesmo com a leitura ou a visualização de conceitos em um material bem elaborado, a fixação do conhecimento tem melhor eficácia quando há um estímulo sonoro (seja uma apresentação física ou áudio gravado)
Leitura/escrita – esse grupo pode ser dividido em dois grupos. Aqueles que apenas a leitura é o suficiente para assimilar conceitos e ideias, e aqueles que melhor fixam seu aprendizado escrevendo o que entenderam do que foi lido.
Sinestésico – indivíduos que melhor assimilam o conhecimento quando o instrutor/multiplicador de conhecimento se utiliza de gestos como recurso didático complementar ao que está tentando passar para seus espectadores/alunos. Também é o tipo de aprendiz que aprende melhor fazendo, mais conhecido como “botando a ‘mão na massa’”.
Cada indivíduo aprenderá melhor se souber que tipo de aprendiz é, obviamente. O autoconhecimento é um grande facilitador no desenvolvimento de técnicas que melhoram o ultra aprendizado, a rápida assimilação de novos conceitos, assuntos e regras. No entanto, isso não significa que devamos focar apenas no tipo de aprendizado que nos parece melhor. Conhecendo nossas forças e nossas fraquezas, podemos utilizar os demais tipos de aprendizado de forma estratégica.
Quando queremos ou precisamos aprender sobre algum assunto, e esse assunto é rico em conteúdo que se encaixe no tipo de aprendizado que nos favorece, podemos abusar desse material.
Por exemplo: você é um aprendiz predominantemente auditivo. Você quer se aprofundar em Segurança da Informação, pesquisou e viu que há muitos podcasts sobre o assunto. Então você tem um material farto que pode ser suficiente para você alcançar um alto nível de conhecimento sobre isso. No entanto, se você é um aprendiz predominantemente visual, é mais provável que você só consiga um mesmo nível de aprendizado do aprendiz auditivo se tiver como material de apoio mapas, diagramas, gráficos, fotos e desenhos.
Fortalecendo pontos fracos
Nem sempre temos à disposição material de ensino/explicativo que seja compatível com o tipo de aprendizado em que somos melhores. Por isso também é importante fortalecer nossos elos fracos. Cada tipo de aprendiz pode adotar técnicas específicas que o auxilie na absorção de conhecimentos, mesmo quando a fonte de aprendizado não é exatamente do tipo que melhor se encaixa ao seu perfil de aprendiz.
Visual: elaborar rascunhos, desenhos, mapas e gráficos que expressem o conteúdo que está sendo visto em uma leitura ou vídeo, ou uma palestra sem recursos visuais. Colorir/sublinhar trechos importantes. Produzir listas ou tabelas do conteúdo.
Auditivo: repetir oralmente o que leu e achou difícil de entender. Participar de grupos de debate. Para aprendizado de outros idiomas, ouvir música (no idioma que quer aprender, obviamente) é um ótimo recurso.
Leitura/escrita: transcrição do conteúdo de uma apresentação ou palestra. Buscar livros sobre o assunto abordado.
Sinestésico: discutir o assunto em grupos. Participar de grupos de estudo. Participar ou assistir a conferências, palestras. Buscar aulas práticas.
Além do tipo de aprendizado, obviamente há outros fatores que influenciam na qualidade da aprendizagem.
Curiosidade
Por que as crianças perguntam tanto ‘por que?’? Não é para atormentar o adulto (pelo menos não na maior parte das vezes). O cérebro de uma criança está em constante aprendizado, criando e recriando conexões, e com o tempo isso vai criando ligações neuronais, as sinapses. Assim como na criança, a curiosidade no adulto também é muito importante para a busca do conhecimento. O grau de interesse e envolvimento com o que lhe é novo está intrinsecamente relacionado ao grau de aprendizado adquirido.
Hábito
O aprendizado também está ligado, principalmente na infância, na repetição e no esforço de um mesmo estímulo. É depois das muitas tentativas e erros que uma criança consegue dar os primeiros passos, pronunciar as primeiras palavras. Já no adulto, a técnica da repetição pode ser encarada como hábito ou prática. Se você assiste um vídeo, lê um artigo de determinado assunto novo para você, e depois não tem mais contato com esse assunto e não faz uso do que você aprendeu naquele momento, dificilmente esse aprendizado se manterá acessível na memória, pois não houve estímulo suficiente para criar uma rede de sinapses duradoura. Mas se o contato com o novo é constante, a recorrência dos mesmos estímulos cerebrais vai fortalecendo as sinapses criadas e consolidando o aprendizado.
Foco
Distração durante o processo de aprendizado é um dos principais adversários para quem quer absorver algo novo. E essas distrações podem vir de diversas formas, tendo um peso diferente para cada tipo de aprendiz. Por exemplo: pessoas de aprendizado sinestésico tendem a quebrar seu tempo de estudo em períodos menores e fazer mais intervalos. Isso pode atrapalhar bastante se não houver uma disciplina pessoal que estabeleça regras, como quanto tempo deve ser dedicado para estudo para ‘ganhar’ um intervalo de descanso.
Se uma pessoa cujo tipo de aprendizado é predominantemente auditivo, está lendo algum livro enquanto escuta música, ou há no ambiente poluição sonora, outras pessoas conversando ou algum vídeo com áudio sendo exibido, será muito mais difícil conseguir assimilar o conhecimento. Já para o aprendiz visual, um ambiente com muita informação visual também pode mais atrapalhar do que ajudar, sobretudo se o conteúdo a ser estudado estiver em um formato mais propício para outros tipos de aprendizado que não o visual.
Generosidade de conhecimento
Ensinar é uma das melhores formas de aprender. O processo de aprendizado de algo para uso pessoal é diferente de aprender algo novo para disseminar esse conhecimento para outras pessoas, pois essa segunda situação geralmente exige um esforço e dedicação muito maior. Isso pode ser relacionado a vários fatores, como a vontade de entregar um conhecimento mais aprofundado, poder responder perguntas que possam ser feitas por quem está aprendendo com você, mostrar certo domínio do assunto.
Como pudemos ver, o autoconhecimento é um importante aliado no processo de aprendizagem. Saber qual o tipo de aprendizado melhor se encaixa para você lhe permite escolher materiais em formatos específicos, quando há essa possibilidade, escolher ou desenvolver técnicas para potencializar o aprendizado, principalmente quando o conteúdo não é favorável ao seu tipo de aprendizado, e evitar cair em armadilhas que prejudiquem o processo de absorção de conhecimento. Para conhecer melhor, é importante se conhecer melhor.
Eu tenho maior facilidade com o tipo de aprendizado visual e sinestésico.
E você? De que forma você aprende melhor? Tem alguma forma diferente de aprender?